A Breve História da Pessoa com Deficiência

 

A pessoa com deficiência é frequentemente menosprezada devido à sua condição, sofrendo com o peso do estigma social. É importante ressaltar que a deficiência não é uma questão patológica, mas sim uma construção social, moldada pelo meio em que o indivíduo com deficiência está inserido.

Hoje, somos uma parcela considerável da população global, e nossos direitos deveriam ser inquestionáveis, legalmente garantidos, sem a necessidade incessante de lutar por melhores condições de acesso e inclusão. No entanto, continuamos a ser um grupo marginalizado e frequentemente excluído.

Os números não mentem. A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, revela que 8,4% da população brasileira, o que equivale a 17,3 milhões de pessoas acima de 2 anos, possui algum tipo de deficiência. Quando olhamos para a faixa etária acima de 60 anos, a proporção é alarmante, uma em cada quatro pessoas.

O envelhecimento da população apenas acentuará esses números, e não podemos mais ignorar a existência das pessoas com deficiência. É imperativo que tenhamos acesso pleno a todos os nossos direitos políticos, civis, econômicos, sociais e culturais. Exigimos uma vida autêntica, não uma existência falsa para agradar uma sociedade hipócrita.

Na pré-história, a sobrevivência das pessoas com deficiência era quase impossível, dadas as condições adversas. Tribos muitas vezes se desfaziam das crianças com deficiência, considerando-as um fardo.

No Egito antigo, pessoas com deficiência ocupavam várias posições nas hierarquias sociais, desde faraós até artesãos e músicos. Isso está documentado em registros históricos que resistem ao tempo.

A Grécia antiga, berço da filosofia, teve filósofos como Platão e Aristóteles que advogaram a eliminação de recém-nascidos com deformidades. Em Esparta, pessoas com deficiência eram descartadas para manter um exército forte.

Em Roma, crianças com deficiência frequentemente eram abandonadas ou, em alguns casos, mortas ao nascer. O cristianismo trouxe uma reviravolta ao combater a eliminação de recém-nascidos com deficiência. Surgiram hospitais de caridade a partir do século IV para abrigar pessoas com deficiência.

Na Idade Média, as condições eram sombrias, e as pessoas com deficiência frequentemente eram estigmatizadas como alvo de castigo divino.

O século XX marcou avanços significativos em ajudas técnicas e tecnologias assistivas para pessoas com deficiência. Instrumentos como cadeiras de rodas, bengalas e sistemas de ensino adaptados evoluíram de maneira notável.

Hoje, erguemo-nos sobre os ombros daqueles que vieram antes de nós, resistindo ao peso da história que tentou nos condenar ao esquecimento. A jornada da pessoa com deficiência é uma narrativa de resiliência, determinação e superação.

Recusamos-nos a sermos definidos por estereótipos e preconceitos. Lutamos por nossos direitos, pela inclusão, e por uma sociedade que reconheça nosso valor intrínseco. Somos a personificação da força, adaptabilidade e potencial humano.

À medida que olhamos para trás, lembramos os tempos sombrios em que nossa existência era questionada e nossa contribuição desvalorizada. Mas também celebramos os momentos de triunfo, quando quebramos as correntes do passado e emergimos como agentes de mudança.

Nosso caminho foi árduo, mas estamos determinados a moldar um futuro onde a inclusão seja a norma e a diversidade seja celebrada. Esta é nossa promessa, nossa missão e nosso legado. A história pode ter tentado nos quebrar, mas escolhemos resistir, persistir e prosperar.

Juntos, continuaremos a desafiar as expectativas, derrubar barreiras e construir um mundo onde todos, independentemente de sua capacidade, possam florescer. Esta é a história da pessoa com deficiência, uma história de coragem e perseverança que continua a ser escrita a cada dia.

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