Minha Jornada nos Jogos do Interior de Minas Gerais 2023 (JIMIP)



No último fim de semana, participei dos Jogos do Interior de Minas Gerais (JIMI) Paradesporto 2023. Este evento esportivo ocorreu entre os dias 6 a 8 de outubro na cidade de Juiz de Fora e reuniu várias equipes do estado de Minas Gerais. Representei com orgulho a minha equipe, o CIDEP.


O JIMI deste ano incluiu quatro modalidades esportivas: bocha paralímpica, judô inclusivo, paratletismo e paranatação, com a participação confirmada de 435 paratletas de 32 municípios mineiros. No total, cerca de 835 pessoas estiveram envolvidas no evento.


Partimos de Poços de Caldas na quinta-feira, dia 5, por volta das 23 horas, em uma van semi adaptada. A viagem foi relativamente tranquila, apesar das curvas acentuadas. Para garantir minha segurança e conforto durante a viagem, utilizo um cinto com velcro que estabiliza meu tronco no banco, impedindo quedas. Também gosto de apoiar os pés em algo, o que me proporciona uma posição mais firme.


Baixei um livro no meu Kindle, 'A História do Cinema Para Quem Tem Pressa', e consegui ler apenas 30% dele. Em viagens como essa, sempre acredito que conseguirei ler um livro inteiro, mas acabo percebendo que estou errado e que nem mesmo comecei a leitura.


Chegamos a Juiz de Fora por volta das 6:00 da manhã de sexta-feira. Fomos ao hotel, mas ainda não podíamos fazer o check-in. Decidimos procurar um local para tomar café da manhã. As ruas apertadas e movimentadas do centro de Juiz de Fora dificultaram encontrar um local para estacionar a van com a carretinha que transportava as cadeiras de rodas. Tomamos um café simples e depois nos dirigimos ao hotel.


Na noite anterior, uma chuva torrencial caiu na cidade, derrubando árvores com raízes do chão. A cidade enfrentava um momento complicado, e a chuva resultou na queima de dois dos quatro elevadores do hotel. A fila para usar o elevador se estendia para fora do hotel, com cadeirantes esperando pacientemente. Essa situação destacou as diferenças sociais. Lembro-me de um episódio em que uma família de cidadãos de bem, aparentemente mais privilegiada ficou impaciente devido à demora, enquanto a babá negra cuidava da filha mais nova.


Depois de uma longa espera de quase uma hora na fila, conseguimos entrar no elevador. Porém, ainda não conseguimos descansar, pois tivemos que redistribuir a equipe para quartos acessíveis, já que um dos quartos designados não possuía acessibilidade. Essa mudança ocupou a tarde toda, com idas e vindas, até que, às 17:00, a equipe finalmente estava nos quartos.


Como chegamos na sexta-feira, passamos o dia no hotel. Alguns atletas precisaram passar pela classificação funcional, enquanto outros permaneceram no hotel. Eu estava entre os que não precisavam passar pela classificação, mas não consegui descansar muito. Não gosto de sair da cadeira de rodas durante o dia, e também não tenho o costume de dormir à tarde, pois isso atrapalha o sono noturno no meu caso. A equipe técnica passou o dia resolvendo questões relacionadas à competição, participando de reuniões e conversas.


Na noite de sexta-feira, às 20:00, ocorreu a cerimônia de abertura do evento no salão de festas do hotel. Nessa solenidade, foram apresentadas as cidades e os atletas. A abertura foi simples, porém funcional, e logo depois foi servido o jantar.


Após o longo dia, fomos descansar, mas já pensávamos no desafio do elevador no dia seguinte. Como alguns jogos da nossa equipe começaram às 7:30, combinamos acordar cedo para evitar o estresse do elevador, já que o evento envolvia 835 pessoas. Imaginem todas essas pessoas usando o elevador; teríamos que esperar por horas. Organizamos tudo direitinho, e a maioria dos atletas acordou cedo, fez o que precisava ser feito e estava pronta para a competição. Meu companheiro de quarto, que também é meu técnico, e eu acordamos um pouco mais tarde, mas chegamos na van no horário marcado.


Em viagens como essa, sempre fico impressionado com o número de pessoas com deficiência, e isso é um choque de realidade, não no sentido ruim, mas no bom. Nessas ocasiões, todos são iguais, não existem diferenças. Em resumo, esses eventos exemplificam a inclusão das pessoas com deficiência, proporcionando um ambiente onde todos podem ser quem são, sem medo.


Ficamos em um excelente hotel, que oferece acessibilidade em cerca de 90% de suas instalações. O único local que identifiquei sem acessibilidade foi a piscina. Isso sempre me faz questionar o porquê de investirem milhões na construção de um hotel de alta qualidade e não disponibilizarem um elevador ou uma rampa para a piscina. Talvez acreditem que as pessoas com deficiência não têm o direito de nadar ou de entrar na piscina. O hotel está muito bem localizado, ao lado de um shopping enorme com as principais lojas do Brasil. No entanto, a piscina não foi um problema para mim, já que meu foco estava na competição e na agitação desses dias.


No sábado, no primeiro dia da competição, todos nós entramos na van e seguimos para o local das provas. Os atletas do atletismo foram para suas pistas, enquanto eu e meu companheiro, Alan, que competimos na bocha paralímpica, fomos para o local onde a modalidade seria disputada.


Sou atleta de bocha paralímpica desde o final de 2019 e tenho treinado semanalmente desde então. Essa foi a minha segunda competição. No sábado, tive dois jogos de manhã e dois à tarde. Resumidamente, ganhei todos os jogos e trouxe a medalha de ouro para a minha cidade. Fiquei muito satisfeito com o resultado, especialmente porque meus adversários eram extremamente difíceis. Eles desmontaram todas as minhas jogadas, mas consegui fazer algumas tabelas que me ajudaram na partida. Como resultado dessas jogadas, ganhei alguns apelidos, como 'Rui Chapéu da Bocha' e 'Bonzão da Bolachita' (embora eu não saiba o que isso significa). Não houve caminho fácil, o que demonstra a qualidade dos meus oponentes. Fiquei feliz em competir contra eles e espero reencontrá-los no futuro.


Ao final do primeiro dia, nossa equipe conquistou excelentes resultados. Além de mim, outros atletas voltaram para o hotel com medalhas de ouro, prata e bronze.


Retornamos ao hotel, cada um foi para seu quarto para descansar ou se arrumar. Tomei um banho, jantei e, em seguida, fui dar um passeio no shopping. Foi um passeio agradável, embora o milkshake de café que pedi não tenha sido do meu gosto. Deveria ter optado pelo tradicional milkshake de chocolate, mas valeu pela experiência. Retornei ao quarto para descansar, já que, no dia seguinte, enfrentaríamos o mesmo desafio com o elevador. Tomamos café da manhã cedo e nos dirigimos ao último dia de competição.


No domingo, meu amigo e companheiro de treino, Alan, que competiu no sábado e perdeu o primeiro jogo, conquistou a vitória no segundo. Sua dedicação nos treinos e estratégias garantiram seu êxito, uma vez que o critério de desempate era a contagem de pontos. Assim, ele encerrou a competição com uma medalha de ouro.


Com o término da competição, retornamos ao hotel, almoçamos e começamos a preparar nossas coisas para a viagem de volta. A viagem de retorno também foi tranquila.













Em resumo, a competição foi incrível e a viagem foi maravilhosa. Tive a oportunidade de conhecer melhor meus amigos de equipe, especialmente duas pessoas extraordinárias, Valmir e JJ, que têm histórias de vida inspiradoras. Foi um prazer viajar com vocês e aprender com vocês, meus amigos.


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