Um Grito Contra o Capacitismo

    Prezados leitores,

    Gostaria de compartilhar uma reflexão crucial, inspirada por uma postagem do meu amigo Paulo Fabião sobre o Teleton e sua implicação na nossa luta contra o capacitismo. O Teleton e programas assistencialistas semelhantes têm sido uma preocupação crescente, revelando uma face preocupante da forma como nossa sociedade aborda a questão da deficiência.

    Estes programas, apesar de suas intenções aparentemente nobres, inadvertidamente reforçam o capacitismo. Ao retratar a pessoa com deficiência como alguém necessitado de ajuda especial, eles perpetuam estereótipos prejudiciais. A ênfase na emoção, explorando as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência, é uma estratégia que explora a carga sentimental que muitas vezes carregamos em nossos corpos.

    O paradoxo emerge quando esses programas, que solicitam doações para a causa da deficiência, são liderados por indivíduos e empresas incrivelmente ricos. Silvio Santos, o próprio dono do SBT que promove o Teleton, é um bilionário, e a ironia não passa despercebida quando eles pedem milhões em doações. É um exemplo clássico da dependência dos ricos em relação aos pobres, uma dinâmica que poderia ser equilibrada se os próprios ricos se comprometessem verdadeiramente com a causa.

    Pergunto-me por que essas empresas, em vez de pedirem esmolas, não investem na inclusão real. Por que não contratam pessoas com deficiência, pagando salários dignos e proporcionando oportunidades reais? Por que não estabelecem projetos sociais que capacitam as pessoas com deficiência, financiando seus estudos, melhorando suas condições de vida e, assim, contribuindo para uma sociedade mais justa?

    Infelizmente, a pessoa com deficiência muitas vezes é relegada a um papel secundário na busca por uma sociedade perfeita. Sua imagem é utilizada para limpar reputações e inflar egos. Não buscamos esmola; buscamos oportunidades reais. Queremos trabalhar, queremos dignidade, queremos vidas plenas.

    Programas como o Criança Esperança também são mencionados nesse contexto. Por que não canalizar esses recursos para projetos sociais dignos, onde as pessoas saiam com diplomas universitários, onde o dinheiro seja usado para criar oportunidades reais e melhorar a qualidade de vida? 

    Além disso, é crucial lançar uma crítica aos influenciadores com deficiência que endossam esse tipo de atitude. Paulo Fabião destaca sabiamente que "Influenciadores de modo geral não têm nenhuma preocupação com o coletivo, apenas usam da pauta para obter benefícios e realizações pessoais." A nossa comunidade, mais do que nunca, precisa de representantes autênticos e comprometidos, não de porta-vozes que contribuem para a perpetuação de estigmas e atitudes prejudiciais.

    Concluo com as sábias palavras de Paulo Fabião: "Como o capital coopta pautas de luta fingindo uma preocupação através do conceito vazio da representatividade, através do beneficio de meia dúzia."

    Que esta reflexão nos inspire a lutar por uma sociedade onde todos tenham oportunidades reais, independente de suas habilidades físicas.

    A verdadeira ajuda começa com uma compreensão profunda da causa. Inclusão real vai além de programas assistencialistas; é um dever da sociedade e do Estado. Devemos unir nossas vozes para cobrar os ricos, para pressionar por uma verdadeira inclusão. Não sobrecarreguemos os menos favorecidos; exijamos dos que têm mais. Um milhão para quem tem um bilhão é troco de pão.

    Acesse a postagem completa de Paulo Fabião em seu instagran e siga-o para mais insights valiosos: https://www.instagram.com/p/CzeRhzQsyL_/

    Que esta reflexão nos inspire a lutar por uma sociedade onde todos tenham oportunidades reais, independente de suas habilidades físicas.

    Andre Marinho

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